sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Prefeitura apresenta maior Réveillon que Salvador já viu


O Réveillon Salvador 2014 contará com 18 atrações em quatro dias de festa. Os detalhes da programação e da estrutura da festa foram anunciados hoje (13) pelo prefeito ACM Neto, na companhia do governador Jaques Wagner e do secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura (Sedes), Guilherme Bellintani, em coletiva de imprensa realizada no Sheraton Hotel da Bahia. Pela primeira vez, a festa irá acontecer na Praça Cairu (Cidade Baixa), um dos mais belos cartões postais da cidade. A programação terá inicio no dia 29 (domingo) e segue até o dia 1º de janeiro (terça).


Na grande noite do Réveillon (31), irão subir ao palco Saulo, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Pablo, que vão fazer a festa até o amanhecer. A virada será feita por Gil e Caetano, com uma queima de fogos realizada no píer do Distrito Naval, com duração de 14 minutos. Haverá, ainda, queima de fogos simultaneamente nos bairros do Comércio, Barra, Boca do Rio, Itapuã, Cajazeiras, Boa Viagem, Ribeira, Periperi e nas ilhas de Paramana, Bom Jesus dos Passos e de Maré para brindar a chegada do ano novo. Durante todos os quatro dias, os shows terão inicio às 20h.

A Praça Cairu foi escolhida como local para a realização da festa por conta do impedimento da Barra, que passa por obras de requalficiação. Haverá acesso à praia localizada na Avenida Lafayete Coutinho (Contorno), na altura do Restaurante Amado, para quem quiser brindar a virada do ano bem próximo ao mar. Três pórticos montados no acesso à festa darão as boas vindas, além de toda a estrutura de serviços públicos de limpeza, transporte e saúde, garantindo conforto e atendimento para quem passar o Réveillon no local.

O prefeito ACM Neto destacou durante a coletiva que a organização do calendário de eventos, do qual o Réveillon faz parte, permitirá que Salvador entre na disputa pelo principal destino de final de ano do país. “Será o evento mais expressiva de fim de ano em todo o país, já que nenhuma outra cidade terá quatro dias de festa. Vamos fazer de Salvador um dos principais destinos de Réveillon e, no próximo ano, voltando para a Barra, vamos disputar com o Rio de Janeiro, que já possui uma tradição na realização da festa”, afirmou, lembrando que a região que abrigará a virada já passou por um conjunto de intervenções para requalificação, a exemplo da Ladeira da Preguiça, onde foi possível realizar melhorias estruturais devido à desarticulação de uma cracolândia com ajuda da Polícia Militar.

Segurança - O governador anunciou que 1,5 mil homens por dia farão a segurança do evento e parabenizou a Prefeitura pela organização do evento. “O mérito é da Prefeitura, que conseguiu firmar parceria com a iniciativa privada para a realização da festa. Sabemos que o poder público precisa da iniciativa privada para promover eventos de grande porte, e que a iniciativa privada precisa do poder público para alcançar seus objetivos. Fizemos uma organização para o policiamento do local para os quatro dias de festa, aproveitando a experiência do Carnaval e do sorteio da Copa, realizado em Sauípe. Todos poderão desfrutar da alegria da Bahia e de Salvador”.
O secretário Bellintani lembrou que aqueles que participarem da festa terão mais conforto, a exemplo dos 20 sanitários em contêineres (cada um terá 10 cabines), que terão ar condicionado e ligação à rede de esgoto, sendo, portanto, um embrião do que acontecerá no Carnaval. Ainda de acordo com o titular da pasta, a parceria com os patrocinadores (Brasil Kirin e Coca Cola) viabilizou a realização da festa.
A Brasil Kirin, responsável pelo pagamento de todos os cachês, idealizou uma latinha específica para o Réveillon na cor laranja, simbolizando a energia da festa. “Teremos menor investimento público do que nos anos anteriores. É uma prova clara que com articulação e estratégia fazemos boas entregas para a cidade. Tivemos aporte importante da iniciativa privada, e isso faz com que sobrem mais recursos para outras atividades, sobretudo para as culturais”, acrescentou o secretário.

Serviço:
O que é: Réveillon Salvador 2014
Quando: 29.12.2013 à 01.01.2014
Horário: A partir das 20h30
Local: Praça Cairu (Cidade Baixa)


Fonte: http://www.secom.salvador.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=43413%3Aprefeitura-apresenta-maior-reveillon-que-salvador-ja-viu&catid=56&Itemid=170

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Bahia Notícias - Entrevista Célia Sacramento

Célia Sacramento

por Rodrigo Aguiar, José Marques, Alexandre Galvão e Sandro Freitas
Vice-prefeita de Salvador e pré-candidata a presidente da República, governadora ou deputada federal, Célia Sacramento (PV) avalia o primeiro ano da nova gestão da capital baiana e garante que “o prefeito ACM Neto (DEM) é uma pessoa de esquerda”, apesar de nunca ter perguntado ao democrata de que lado ele se considera. 
 
Ao avaliar o legado da família Magalhães, ela diz que “nenhum gestor público da Bahia teve o cuidado com a cultura afro como o senador Antônio Carlos Magalhães”. A vice-prefeita também elogiou o sistema de cotas raciais e disse que ser contra a medida é prova de “desconhecimento” ou “racismo”. “Não é politicamente correto falar, mas sempre digo isso, tem vários negros que são racistas. Mas claro que 99% são brancos”, apontou. Célia também avaliou a oposição na Câmara de Vereadores ao citar o reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que considera um projeto de esquerda. “Quando apresentamos um projeto na Câmara de Vereadores que vai beneficiar a população, e um grupo vota contra, quem é direita? Claro que são eles. Nós estamos defendendo os direitos da população. [...] Quer dizer, está contra o povo”, criticou.
 
A verdista ainda comenta a polêmica de que teria se valido do cargo para obter benefícios em um evento na Costa do Sauípe e revela que será candidata em 2014. Se perder, volta para a prefeitura.

Fotos: Júlia Belas / Bahia Notícias
 
Bahia Notícias – Estamos completando um ano da atual gestão municipal de Salvador. Qual avaliação a vice-prefeita faz deste período? Que ações foram feitas e em que setores?
 
Célia Sacramento – Ações em todas as áreas. Nós estamos trabalhando muito próximos da população, desde o primeiro dia após a posse. Eu e o prefeito temos visitado todos os bairros da cidade... Ainda não conseguimos ir a todos, mas estamos primeiro indo para identificar as demandas, depois para ver o início das obras e depois passando para inaugurar. Estamos reformando postos de saúde e, até dezembro, vamos ter um posto inaugurado por dia. Estamos fazendo reformas em muitas escolas, uma reformatação das orlas, tanto na Barra, quanto na Cidade Baixa, no Subúrbio e Paripe. Estamos iniciando a nova formatação da Orla, para que não haja mais equipamentos fixos. Vão ser equipamentos móveis. As pessoas já fizeram o cadastramento e estamos cuidando do ordenamento público, através da secretária Rosemma Maluf [Ordem Pública], organizando os ambulantes em um projeto inovador. A cada rua que ficava um amontoado de pessoas que trabalhavam no mercado informal, nós passamos a criar uma estrutura decente para o desenvolvimentos dos trabalhos. Estamos fazendo coberturas e vamos criar um sistemática bem padronizada para cada um ter seu espaço. Estamos vendo a possibilidade de fazer parcerias, inclusive com o Sebrae, para muitos desses trabalhadores que estão na informalidade se formalizarem, pagarem seu INSS e poderem ter direito ao benefício da aposentadoria. Estamos também contratando professores que passaram nos concursos públicos, lançamos o plano municipal do livro e da leitura e, em tempo recorde, estamos sendo modelo para o país. No Brasil todo tem o "plano municipal do livro e leitura", o nosso é o "plano municipal do livro, leitura e biblioteca". Queremos ampliar o número de bibliotecas e fortalecer as comunitárias, que são 46. Mas tem bairro, tipo Pernambués, – que, segundo o IBGE, é o mais negro da cidade –, que não tem nenhuma biblioteca, sequer comunitária. Queremos incentivar a população a criar as bibliotecas comunitárias e vamos intensificar a educação em tempo integral. É uma gestão muito preocupada com a cultura e a educação. Estamos resgatando projetos de muito sucesso como o Boca de Brasa, que dá oportunidade para quem faz cultura. Só que não queremos ir para a cultura do Pão e Circo, então temos o Boca de Brasa e, em paralelo, a feira de livros com oficinas.
 
BN – De vez em quando aparecem comentários e boatos de que a senhora e o prefeito ACM Neto (DEM) têm alguns atritos. Você e o prefeito estão em sintonia?
 
CS – Total! Eu não sei o que se comenta, mas todos os dias eu estou com o prefeito. Hoje eu despachei 35 itens com ele, conversamos com o cônsul da Inglaterra, que veio firmar parcerias, e eu estou como uma espécie de embaixadora da cidade, porque tenho viajado para outros países para representar a cidade. Salvador tem a vice-presidente da União das Cidades Capitais que falam Língua Portuguesa. Fui para duas reuniões: uma na Cidade do Cabo e visitei a Ucla, em Lisboa. Salvador quer abrir as portas para viabilizar irmanamento com cidades que queiram fazer intercâmbio cultural, econômico e de desenvolvimento sustentável. Sabemos que não tem emprego para todo mundo, mas estamos preocupados em incentivar a economia criativa. Estamos também com a primeira Secretaria de Cidade Sustentável, com um projeto maravilhoso voltado para a questão dos parques e jardins da cidade. Então, estamos em total sintonia.
 
BN – A senhora diria que sua principal responsabilidade é representar a cidade?
 
CS – Não, não diria. Uma das minhas atividades é essa. Mas, estou coordenando o Plano Municipal do Livro e da Leitura, estou ouvindo a população. É só frequentarem meu Facebook que vão ver minhas atividades. Recebo todo o movimento social, converso e resolvo as coisas de modo transversal, com todos os secretários. As demandas chegam, eu passo aos secretários e eles vão viabilizando, tudo em consonância com o prefeito. Temos feito um trabalho muito maravilhoso. O prefeito é um homem guerreiro, sério, jovem, trabalhador e não adianta... Contra fatos não há argumentos. É só você andar pela cidade que vai ver. Talvez, algumas pessoas não querem ver. Fazer o quê? Paciência...
 
BN – Que pessoas são essas?
 
CS – As pessoas dizem, é normal. Por exemplo, nós estamos trabalhando em vários bairros. Tem algum bairro que você não foi? Vários. Claro que vão dizer: "Não está fazendo nada". Isso é normal. O prefeito é preocupado com toda a cidade. Todo mundo pensou que ele ia fazer uma gestão só para Barra, Centro... Não! Ele vai muito mais para os bairros populares do que para os bairros do centro da cidade. Sem falar nas nossas prefeituras-bairros, com o secretário Reinaldo Braga fazendo um trabalho, primeiro, de diagnóstico e concluindo relações com as comunidades locais, para definirem as demandas e aí o secretário Reinaldo vai listar. Estamos ordenando a mobilidade urbana, algumas áreas que as pessoas estacionavam não vão poder mais. Vamos fazer realmente a licitação do transporte público e ampliar ou talvez triplicar a frota ao final dos nossos quatro anos de gestão. Vamos criar a Via Exclusiva. Estamos trabalhando muito, mas é normal que o pessoal faça as críticas. Se não houver críticas não se constrói. O importante é que a maioria da população está confiante quando vê a gente na rua, porque a gente não se esconde. Quando acaba o processo eleitoral o normal é que o eleito suma, mas a gente não.
 
BN – Nesse processo eleitoral, qual contribuição a senhora acha que deu para a eleição do prefeito ACM Neto? Ele teria sido eleito sem a senhora como vice?
 
CS – Eu acho que a minha participação foi fundamental por conta da perspectiva de a população poder ter uma referência: "Poxa, tem uma pessoa como nós, que veio da periferia, e que está ao lado de um candidato a prefeito com uma história de uma família que trabalha para a cidade". Porque a história da família dele deu contribuição inegáveis [ao estado]. Nenhum gestor público da Bahia teve o cuidado e a atenção com a cultura afro como o senador Antônio Carlos Magalhães. Todos os projetos sociais de hoje, Bolsa Família e tal, têm base em quê? No Fundo de Combate à Pobreza, que foi uma criação do senador. Agora, todos estão vendo o prefeito trabalhando. Ele conversa com todo mundo. Não faz: “Você é do PT”. Conversa mesmo e diz: “Vamos fazer juntos?”. Agora mesmo veio o secretário estadual da Cultura, Albino Rubim, para falar de um projeto. O prefeito e eu procuramos ter uma relação parceira e integrada com todos que queiram trabalhar. Não perseguimos ninguém. Tem várias pessoas em cargos, mesmo tendo sido, em parte, diretamente dos outros candidatos. A nossa gestão é de meritocracia. Quem tem qualificação e mérito está trabalhando com a gente.
 

 
BN – A senhora citou o senador ACM, mas parte do movimento negro, senão a maioria, é bastante ressentida com a gestão de Antônio Carlos...
 
CS – Depende do que você chama de movimento negro. Não sei o que é. O que é o movimento negro da Bahia?
 
BN – Lideranças organizadas de movimentos negros...
 
CS – Pronto, lideranças organizadas. Mas se você chegar no bairro e conversar com o povo negro, não vai ouvir isso. Eu estive na campanha. É só ver fotos que dá para ver a população de todos os bairros pegando no prefeito e [dizendo] com emoção: “Poxa, resgate o trabalho do seu avô”. As lideranças estão falando que nós não estamos trabalhando...
 
BN – Existe uma diferença então entre o que se denomina movimento negro e a população, que seria representada por esse movimento?
 
CS – É normal que haja. Por exemplo, as pessoas votam em um candidato. Ele some. É a total dissociação. Aí você vai ver que, na gestão seguinte, aqueles líderes que o apoiaram já não estão mais com ele. Eu particularmente sempre fiz crítica ao senador, sempre disse: “Olha, não tem nenhum político que tivesse feito um investimento em cultura [como ele]. Mas, não fez investimento na educação”. A minha crítica sempre foi essa. E acho que essa é a principal [crítica] do movimento. Agora, ninguém pode falar que ele não fez. Isso é maravilhoso. O povo soteropolitano sempre lutou muito pela cultura. Se olharem a história vão constatar que só tivemos um levante para ter o poder enquanto negros, que foi a Revolta dos Malês.
 
BN – Você acha então que existe um ressentimento do movimento negro em relação a Antônio Carlos?
 
CS – Não acho, não.
 
BN – A senhora ainda se considera uma pessoa de esquerda?
 
CS – Continuo uma pessoa de esquerda, não tenho dúvida nenhuma. Agora, que é ser esquerda? Para mim é defender os interesses da população. Eu posso dizer que o prefeito ACM Neto é uma pessoa de esquerda hoje. Por quê? Porque está ali defendendo os interesses da população. Por exemplo, quando apresentamos um projeto na Câmara de Vereadores que vai beneficiar a população e um grupo vota contra, quem é direita? Claro que são eles. Nós estamos defendendo os direitos da população. Porque entramos na gestão, encontramos um débito de R$ 3,5 bilhões, e hoje temos dinheiro em caixa? Porque controlamos tudo, prática de governança coorporativa. A gente manda um projeto para a Câmara de Vereadores, um grupo vai e vota contra. Quer dizer, está contra o povo.
 
BN – A senhora pode citar um desses projetos?
 
CS – Quando a gente começou a discussão do IPTU, em que mais de 50% da população ficou isenta. Isso nunca aconteceu. Mudamos a isenção que era de R$ 30 mil para quase R$ 100 mil e isso beneficiou a população. Quem hoje vai pagar IPTU é que tem bens acima de R$ 100 mil. A oposição da Câmara é oposição por oposição. Graças a Deus que temos uma bancada íntegra e séria. Tem algumas pessoas da oposição que quando vêem que [o projeto] é alguma coisa para a população, dizem: “Não, vamos votar com o governo”. Tem alguns, poucos, que ficam no contra.
 
BN – Quem são?
 
CS – Não gosto de dar nomes. Não vale a pena.
 
BN – O IPTU então é um projeto de esquerda?
 
CS – Eu considero um projeto de esquerda. Todo mundo que faça alguma coisa na gestão pública em defesa do cidadão, é de esquerda.
 
BN – A senhora acha que o prefeito se considera de esquerda?
 
CS – Nunca perguntei a ele, não tenho interesse em saber se é de esquerda ou de direita. Acho que ele é da justiça, da equidade. Não está nem aí para esquerda ou direita. Para mim, ele acha que isso de ser de direita ou esquerda acabou.
 

 
BN – A senhora afirmou, no início da gestão, que iria provar que a prefeitura trabalharia com ações afirmativas. O que foi feito até aqui?
 
CS – Sucesso total. Primeiro ter conseguido trazer a professora Ivete Sacramento [Secretária Municipal de Reparação Social], que é a essência das políticas de afirmação social do Brasil, já que ela é a primeira reitora negra [da Uneb] e foi a primeira a coragem a implementar o sistema de cotas. A segunda: nós estamos desenvolvendo o combate ao racismo institucional. Já fizemos todas as atividades junto a cada secretaria. Por que o racismo é uma doença. Para se descobrir se é racista ou não, é só ela ver o que é racismo e se decidir. Não é justo que você encontre na gestão pública pessoas qualificadas, que poderiam estar em determinados cargos, e que não estão porque um secretário não trabalha com negro. Estamos fazendo uma discussão interna e o prefeito entende que, quando conseguir resolver o problema interno do racismo institucional, vamos poder fazer um trabalho melhor no ambiente externo.
 
BN – Dentro do próprio DEM diversas pessoas são contrárias a cotas raciais. Na Bahia, por exemplo, o presidente da Juventude do partido, Bruno Alves, se declara contra o sistema. A tentativa de instituir nos concursos públicos municipais cotas raciais não vai desagradar pessoas do próprio DEM, o partido do prefeito?
 
CS – Não acho. Uma coisa é você ser contra, todo mundo tem o direito. Só que nós estamos em um estado democrático de direito, onde todo mundo é a favor. O prefeito, vários secretários e [pessoas] de dentro do DEM... A maioria é a favor. Se ele [Bruno Alves] é contra... Eu, por exemplo, sou a favor, mas não sou do DEM. Então, ele vai ser voto vencido, como houve no Supremo. Ganhamos por unanimidade. Hoje em dia quem disser que é contra as cotas raciais está dizendo que ou não entende a discussão ou que é racista. Se a pessoa falar “sou contra” e você [perguntar]: “O que é cotas?”. [Ela] não sabe! O pessoal às vezes termina falando coisas sem saber. As pessoas me perguntam: “Célia, por que você, que conseguiu tudo através do mérito e nunca teve cotas para nada, é a favor das cotas?”. É só parar e analisar. Eu levei quatro anos para entrar na Universidade Federal da Bahia. Eu já tinha a média para entrar e não entrava. Por quê? Porque as vagas eram sempre para os alunos das melhores escolas de ensino médio, com alimentação, assistência médica e eu, às vezes, ia para o cursinho pré-vestibular com fome. É justo isso?
 
BN – Possivelmente tem outras pessoas contra as cotas dentro do Democratas. 
 
CS – Para mim é falta de entendimento, conhecimento detalhado do que é.
 
BN – A senhora acha que não entendeu ou...
 
CS – Ou é racista. É importante que saibam que o racista não é só o branco não, tem o negro também. E muito. Não é politicamente correto falar, mas sempre digo isso, tem vários negros que são racistas. Mas claro que 99% são brancos. 
 

 
BN – Recentemente saiu na imprensa que a senhora teria chegado a um evento em Costa do Sauípe, exigido quartos para seus seguranças e ainda teria se negado a fazer o check-in ou sido impedida. Foi publicado também que a senhora quis falar no evento, porque não deixaram, e a senhora teria criado um confusão ao dizer: “Eu sou Célia Sacramento, vice-prefeita de Salvador e quero falar”. O que aconteceu exatamente?
 
CS – A pura verdade? É só olhar meu Facebook. Estava no meu gabinete e chega uma cidadã chamada Silvana Saraiva e um cidadão chamado Joca Soares: “Professora, nós gostaríamos de lhe convidar para um evento que estamos organizando em Costa de Sauípe, dia 21, 22 e 23”. Eu disse: “Infelizmente não posso, porque estarei na Colômobia”. “Oh, professora, a senhora não pode antecipar esse voo?Porque é muito importante a sua participação”.  “Eu vou tentar”. Eles disseram: “Então vamos fazer a reserva [no hotel]”. Eu disse que não precisava, porque moro na Estrada do Coco e, exceto quando vou [dormir] com meus filhos, eu volto para casa. Quando cheguei no gabinete, dia 21 de manhã, recebo uma ligação do Joca Soares. “Professora, a Silvana quer confirmar a participação da senhora. A senhora precisa participar do evento, pelo amor de Deus, o governador vai ter uma reunião com os embaixadores africanos e é importante que a senhora participe”. Fui com a mesma roupa que estava, porque não dava tempo de passar em casa. Tenho dois assessores, policiais, que trabalham dentro do carro. Quando cheguei a Sauípe, Joca e a Silvana informaram que tinha reserva para “a senhora e mais quatro seguranças”. O governador ainda não tinha chegado. Eu disse: “Não vou ficar”. Até aí tudo bem. Fiquei esperando quase uma hora e disse: “Chame Silvana, eu vou ter que ir emhora”. Foi a hora em que o governador chegou. Eu saí do carro. O governador me cumprimentou às 20h40. Vi que era uma reunião fechada. O secretário Elias [Sampaio, secretário estadual de Promoção da Igualdade Racial] disse: “Professora, a senhora pode participar”. Eu disse: “Não, estive com eles [embaixadores africanos] semana passada”. “E a senhora está precisando de quê?”, Elias falou. Eu disse: “Vou ser sincera, queria jantar”. Ele me apresentou Renata, uma pessoa que cuidava do evento. A menina me conduziu até o restaurante com todos os meus assessores. Sai do restaurante, entrei no carro e... Graças a Deus o Facebook me salva, postei uma foto do banner que tinha na entrada, "Feira não-sei-o-quê, sucesso total”. Quem sai insatisfeita vai postar um negócio desse? E vejam o horário que postei. Fui embora. No outro dia, aquela apanhada.
 
BN – Por que a senhora acha que soltaram esses boatos?
 
CS – Na hora H fiquei: "Poxa, que pessoal do contra". Silvana me ligou e disse: “O deputado Luis Alberto não quer que você participe...”. Hoje eu estou imaginando isso, porque depois veio essa informação de que não era a Feafro que estava organizando, era só um apêndice. Eu não fui para lá à toa, fui com um convite. De manhã disseram: “a senhora vai fazer parte da mesa”. Isso dá um caso até de danos morais. É só pegar minhas ligações e ver se eu disse que queria ficar na mesa. Nunca falei. Só pegar as imagens, que já solicitei. Até agora, estou querendo interpretar o que realmente aconteceu, porque não sei. Eu fui para casa, de repente vi no outro dia Levi [Vasconcelos, colunista do jornal A Tarde] colocar "Célia 1, 2 e 3". Eu disse: “Meu Deus, isso aqui é muito grave”. Um repórter colocou uma vez um negócio bacana: “Célia Sacramento: uma estrela em ascensão”. Qualquer movimento que eu faça é motivo de atenção da mídia. Por exemplo, o dia do pedágio não houve nada do que disseram, não foi daquela forma, mas o pessoal tem que fazer aquele movimento. Já saiu várias vezes que “a professora não é competente, por isso que ACM Neto não sai da cidade”. Meu Deus, quando foi que se exigiu competência para algum gestor público aqui? Em nenhum lugar do Brasil. Você tem que ter apenas condição de votar e ser votado para assumir cargo público. Agora, eu sou contadora, advogada, especialista em auditoria, em tecnologia e sistema de informações, tenho mestrado pela melhor universidade da América que é a Usp, sou doutora em engenharia pela Universidade de Santa Catarina. E um cidadão na mídia ficar dizendo que eu não tenho competência. Eu digo: "Célia, você já deu alguma vez resposta?”. Eu não e esse é o meu procedimento. É só pegar meus alunos que são os melhores nas organizações públicas de terceiro setor. Pessoas que sabem da minha competência. E como consultora, nas várias empresas que eu prestei consultoria e se deram bem. Quantas empresas que eu prestei consultoria foram autuadas? Nenhuma. Quantas vezes a professora Célia já armou barraco em evento? Nunca. Pelo contrário, abro mão. O prefeito ACM Neto está todo dia inaugurando obras. Por que ela não está lá do lado dele? Por que está atendendo a população no mesmo horário. Aí a mídia fica: “Eles estão inimigos”. Não, eles estão trabalhando juntos.
 
BN – O presidente afastado do PV, Ivanilson Gomes, disse que a senhora pode concorrer a algum cargo ano que vem, deputada federal, vice-presidente ou até presidente da República. Alguma dessas possibilidade passa pela cabeça da vice-prefeita?
 
CS – Eu tenho conversado com o PV desde o início do ano, com o presidente [José Luiz] Pena, e sou muito feliz pela oportunidade. Eu já era candidata a prefeitura dentro do PV e me propuseram estar vice, aliada ao ACM Neto, e confesso que no início disse que tinha bandeiras que o ACM Neto não iria concordar. Eu defendo meio ambiente com desenvolvimento sustentável, políticas de igualdade, respeito a todas as formas de diversidades sexual, cultural e gênero, e eu defendo prática de governança coorporativa, transparência, prestação de contas e controle. O prefeito me disse: “É isso mesmo que quero, vamos construir um projeto para a cidade”. Eu falei: “Prefeito, tudo bem. Agora se você for um político como os outros... Como eu não preciso de política para viver, continuo pobre, mas tenho toda a minha estrutura. Minha casa foi construída bloco por bloco. Eu saio da gestão e quando me perguntar vou dizer que é porque ele não cumpriu”. Graças a Deus ele está além da minha expectativa. Deu para responder?
 

 
BN – Não (risos)... Célia é candidata ao que no ano que vem?
 
CS – Conversei com o partido que estou feliz, satisfeita pela confiança e trabalhando para honrar. Estou disposta a ajudar o PV na construção de um programa de governo para o país. Tenho viajado por todo o país para fazer palestra sobre os temas que acredito que são importantes: inovação tecnológica, aumentar produtividade, investimento pesado e real na educação... Eu disse ao presidente [do PV]: “Como sou vice e sou especialista em direito eleitoral, sei que o vice pode ser candidato a todos os cargos e voltar para a condição de vice. Então, estou disposta a ajudar o PV. Posso fazer as palestras e se o partido quiser serei a candidata a presidente da República. Se o PV resolver fazer alguma aliança e quiser também serei candidata a governadora. Se não achar conveniente, vou ser candidata a deputada federal. Eu estou a disposição para o que ele [PV] quiser”. Acho que a vida inteira me preparei para ajudar a população. Da mesma forma que eu estava em casa quando um movimento social me chamou para política e eu aceitei, hoje estou nessa condição. Existem três nomes no Partido Verde e posso ser escolhida. E se for, vou trabalhar com afinco.
 
BN – Quais são os nomes?
 
CS – Fernando Gabeira, Eduardo Jorge e eu. [Sou] pré-candidata a presidência, governadora e deputada federal.
 
BN – O fato é que ano que vem Célia Sacramento é candidata?
 
CS – Serei candidata, sem dúvida nenhuma.
 

 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Encontro com Escritores e Mediadores de Leitura


Ocorreu ontem (26/11), no Centro Cultural da Câmara, o Encontro com Escritores e Mediadores de Leitura. A iniciativa é parte das ações propostas através do Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca  em parceira coma União Baiana dos Escritores e tem como objetivo fortalecer e celebrar o trabalho dos autores, contadores de estórias e todos envolvidos na mediação da leitura no município. 

O evento contou com a participação especial do Coordenador Cultural da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, Rui Lourido. Participaram também o Diretor da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro, e da representante da Secretaria de Educação e do Conselho Municipal do Idoso, Lourdes de Fátima.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

20 de Novembro- SER NEGRO NO BRASIL,SER NEGRA NA BAHIA


Muitos textos, muitas obras, muitos autores se debruçaram para entender a migração compulsória dos negros africanos no eixo atlântico, muitas pesquisas antropológicas buscaram fazer relações entre os brasileiros e africanos, especificamente os baianos soteropolitanos, negros primeiros, primeiros braços, pernas e levantes revolucionários contra a imposição violenta das relações. Observando nossa cidade na contemporaneidade vemos que as sombras deste passado inóspito e cruel permeiam os elos e vínculos sociais.

Estamos em pleno século XXI na luta de fazer que nossos descendentes, irmãos, tenham consciência das suas potencialidades e da igualdade real frente a qualquer humano, independente do seu fenótipo. País do paradoxo eterno que na pós-modernidade robótica e automatizada vive inconscientemente os duelos políticos de uma colônia medieva onde os espaços de poder são ocupados pela avaliação lambrosiana que mede a fronte, o nariz na busca de Aquiles ou a sensibilidade da pele frente ao sol.

Ser Negro e Negra no Brasil é tarefa árdua, hercúlea, pois até para significar e metaforizar nossa dor preciso lançar mão de um mito grego. Utilizar qualquer palavra vinculada às línguas do continente africano é arriscar o julgamento racista imediato que ao ouvir uma palavra banta faz relação direta com nossa religiosidade e automaticamente os neurônios acendem o alerta que demoniza qualquer vocábulo de nossas raízes. Ser negro no Brasil começa em não ter a própria voz, ter que fazer adaptações camufladas que poluem nossa história e ao mesmo tempo a reelabora com as imposições de quem “manda” com o conceito educacional-alienante apresentado como evolução: sincretismo.

Hoje sou parte do poder executivo de uma das cidades mais racistas do Brasil, pouca vergonha tenho disso, quem deve tê-la são os que carregam o mal, não tenho vergonha de ser uma guerreira incansável, conseguir meus objetivos, derrubar os obstáculos impostos dos jogos pré-definidos e alcançar postos antes nunca conquistados. Não sou eu que devo ter vergonha, busco ser referência para os meus filhos e para os meninos e meninas que alcanço pela comunicação. Meu papel simples na história é fazer com que os Negros e Negras acordem um dia sem falar “patrão” para todos que pareçam nascer para mandar. Não quero que eles pensem em mandar, desejo que suas vidas se tornem projetos próprios e seus sonhos dependam apenas da sua vontade por serem mulheres e homens potentes, lindos e capazes. Quero os meus tendo a consciência plena de que o poder não é latifúndio herança e sim espaço que se conquista. Isto pra mim é consciência negra. O que mais for não passa de discurso falacioso para nos distrair e enganar.

Viva Zumbi que acreditava nos seus e em si, viva Zumbi e que cada canto seja Palmares.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Vice-prefeita Célia Sacramento Profere Palestra em Comemoração ao Dia da Consciência Negra Palestra na Embaixada Britânica


A Contribuição de Salvador para a Identidade Brasileira: Passado, Presente e Futuro é o tema da palestra a ser proferia pela vice-prefeita Célia Sacramento, amanhã 14/11, às 16:15, na sede da Embaixada Britânica em Brasília, a convite do Embaixador Britânico Alex Ellis. A palestra celebra o Mês da Consciência Negra no Brasil. Participam como convidados representantes das Embaixadas de Angola, Austrália, África do Sul, Cabo Verde, Estados Unidos, Gana, Guiné-Bissau, Moçambique. Universidade Católica de Brasília, egressos dos programas Ciência sem Fronteiras e Chevening, BIRD (Banco Mundial), BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), UNICEF, UNIFEM e Ministério das Relações Exteriores.


Embaixador Britânico Recebe Vice-Prefeita Célia Sacramento



A vice-prefeita da cidade do Salvador foi recebida pelo  Embaixador Britânico Alex Ellis, na sede da Embaixada Britânica em Brasília. Esteve em pauta programas de cooperação educacional e cultural para os jovens do município.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Célia Sacramento Participa de Reunião da Comissão Executiva da UCCLA


 
A reunião da Comissão Executiva (CE) da UCCLA teve lugar no Salão Nobre da Prefeitura de Natal, no Brasil, dia 5 de novembro.
 
A Comissão é presidida pelo presidente da Câmara Municipal da Praia, Ulisses Correia e Silva, e é composta pelo Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, e os vice-presidentes: 
- Salvador (Brasil), com a presença da vice-prefeita Célia Sacramento;
- Macau (China), com a presença de Gabriela César;
- Entreposto (Conselho Consultivo Empresarial /Portugal), com a presença do responsável no Brasil, Miguel Ribeiro.
 
Na sessão, foram dadas a conhecer a situação financeira da organização e dos projetos, aprovou-se o Plano de Atividades para 2014 e ficou planeada a próxima Assembleia Geral.

A vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, apelou ao reforço da cooperação entre a UCCLA e as cidades brasileiras, oferecendo-se para ser o elo de ligação entre as cidades do Brasil e a organização.




Fonte: http://www.uccla.pt/noticias/comissao-executiva-da-uccla

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Maria da Penha Visita o Centro de Referência Loreta Valadares

A ativista Maria da Penha visitou hoje a sede do novo Centro Loreta Valadares, nos Barris, acompanhada da vice-prefeita Célia Sacramento e da superintendente municipal de Políticas para as Mulheres, Mônica Kalile, da gestora do Centro, Celina Almeida e da vereadora Tia Eron. A visita é parte das celebrações do Outubro Rosa campanha nacional de conscientização para prevenção ao câncer de mama.



terça-feira, 1 de outubro de 2013

Vice-Prefeita Coordena Plano Municipal do Livro da Leitura e da Biblioteca





O Gabinete da Vice-Prefeita coordenou a elaboração do Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca - PMLLB em parceria com a Secretaria de Educação, Secretaria Municipal da Reparação e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Turismo e Cultura. Participaram do Grupo de Trabalho de Construção do PMLLB moradores de diversos bairros, estudantes, professores e representantes do segmento literário da cidade.

Lançado em abril de 2013, o PMLLB tem como objetivo fundamentar a construção de políticas públicas municipais voltadas para o incentivo ao hábito da leitura e melhora no acesso à bibliotecas na cidade de Salvador.

 Com o objetivo de traçar um diagnóstico sobre o acesso à leitura e ouvir as sugestões da população, a equipe do Gabinete da Vice-Prefeita realizou dez audiências públicas contemplando diferentes regiões da cidade. Buscando a valorização dos atores locais de produção literária, a cada audiência um autor da região foi identificado para receber homenagem do Grupo de Trabalho do PMLLB. A construção do PMLLB também contemplou visitas técnicas a duas bibliotecas municipais da cidade com o objetivo de identificar e encaminhar demandas.








sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Salvador será Sede para a 5a Cumbre Mundial de Prefeitos e Líderes Africanos e de Origem Africana.


A convite do Diretor da Comissão de Igualdade Racial das Nações Unidas, Pastor Elias Murillo Martinez, a Vice-Prefeita Célia Sacramento realizou viagem a Colômbia com o objetivo de participar da 3a Cumbre Mundial de Alcaldes y Mandatários Africanos e Afrofescendentes. O encontro foi realizado nas cidades de Cali e Cartagena, entre os dias 12 e 18 de setembro. O evento, organizado pelas Nações Unidas em parceria com o governo da República da Colômbia, reuniu cerca de 2.000 gestores africanos e de origem africana oriundos de diversos continentes com o objetivo de promover o irmanamento entre cidades com herança afrodescendente e aprofundar o diálogo político e a cooperação internacional para o desenvolvimento da diáspora africana através do estímulo à integração econômica, cultural, social, acadêmica e espiritual. Na oportunidade, foi formado o Comitê para a Aliança Mundial de Alcaldes e Mandatários Africanos e Afrodescendentes para a Promoção do Desenvolvimento Econômico dos Povos Africanos e Afrodescendentes composto por 10 representantes:

ÁFRICA
Alfred Vanderpuije, Prefeito de Accra, Ghana
Yeo Klotioloma, Vice-governador de Abiyán, Costa do Marfim
Djibril Diallo, Assesor do Diretor Executivo de ONUSIDA/UNAIDS, Senegal

AMÉRICA DO SUL
Celia Sacramento, Vicea-Prefeita de Salvador da Bahía, Brasil

Benedita da Silva, Deputada Federal, Brasil



Golloneche Ballombrosio, Prefeito de Carmen, Perú
Zulia Mena García, Prefeita de Quibdo, Colômbia

AMÉRICA CENTRAL
Yelgi Verley, Prefeita de Siquirres, Costa Rica
Isidro Noel Ruiz, Prefeito de Santa Fé, Honduras

AMÉRICA DO NORTE:
Aguardando  indicação do coordenador geral

A ida da vice-prefeita ao encontro garantiu a escolha da cidade de Salvador como sede para a 5a Cumbre Mundial de Prefeitos e Líderes Africanos e de Origem Africana.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Célia Sacramento Participa da 3ª Cúpula Mundial de Prefeitos Afrodescendentes na Colômbia


Mais de dois mil gestores dos Estados Unidos, Caribe e América Latina se reúnem para a 3ª Cúpula Mundial de Prefeitos Afrodescendentes, de 12 a 18 de setembro, nas cidades de Cali e Cartagena, na Colômbia.
O evento reune  gestores africanos e de origem africana oriundos de diversos continentes com o objetivo de aprofundar o diálogo e a cooperação política internacional para o desenvolvimento da diáspora africana através do estímulo à integração econômica, cultural, social, acadêmica e espiritual. 


Participam do evento a vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, a prefeita de São Francisco do Conde, Rilza Valentim (PT), a presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) e prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria (PSB), e a vereadora soteropolitana Tia Eron (PRB)

A intenção do encontro é aprofundar o diálogo e a cooperação política internacional para o desenvolvimento da diáspora africana. De acordo com Rilza Valentim, a proposta é construir ações afirmativas para o mundo.

A iniciativa é da Associação Nacional de Prefeitos e Governadores dos Municípios e Secretarias de Cidades com Afrodescendente (Amunafro), com o apoio da Associação de Prefeitos Negros nos Estados Unidos (NCBM).




Na oportunidade, foi formado o Comitê para a Aliança Mundial de Alcaldes e Mandatários Africanos e Afrodescendentes para a Promoção do Desenvolvimento Econômico dos Povos Africanos e Afrodescendentes composto por dez representantes:

África
Alfred Vanderpuije, Prefeito de Accra, Ghana
Yeo Klotioloma, Vicegobernador de Abiyán, Costa de Marfil
Djibril Diallo, Assessor do Diretor Executivo do UNAIDS, Senegal

 América do Sul:
 Celia Sacramento, Vice-prefeita de Salvado
 Benedita da Silva, Deputada Federal, Brasil
Golloneche Ballombrosio, Prefeito de Carmen, Perú
Zulia Mena García, Prefeita de Quibdo, Colombia

América Central
Yelgi Verley, Prefeita de Siquirres, Costa Rica
Isidro Noel Ruiz, Prefeita de Santa Fe, Honduras

A participação da vice-prefeita no evento viabilizou a escolha da cidade de Salvador como sede para a 5º Cumbre Mundial de Alcaldes y Mandatários Africanos y de Origen Africana.

 
Mais de dois mil gestores dos Estados Unidos, Caribe e América Latina se reúnem até esta quarta-feira (18), na Colômbia, da 3ª Cúpula Mundial de Prefeitos Afrodescendentes. - See more at: http://pv.org.br/2013/09/20/celia-sacramento-participa-de-cupula-mundial-de-prefeitos-afrodescendentes/#sthash.CF9hxQDd.dpuf
Mais de dois mil gestores dos Estados Unidos, Caribe e América Latina se reúnem até esta quarta-feira (18), na Colômbia, da 3ª Cúpula Mundial de Prefeitos Afrodescendentes.
Participam do evento a vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, a prefeita de São Francisco do Conde, Rilza Valentim (PT), a presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) e prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria (PSB), e a vereadora soteropolitana Tia Eron (PRB).
A intenção do encontro é aprofundar o diálogo e a cooperação política internacional para o desenvolvimento da diáspora africana. De acordo com Rilza Valentim, a proposta é construir ações afirmativas para o mundo. “Como mulher, negra e representante de uma cidade negra da Bahia tenho espaço para fornecer uma visão geral de como o desenvolvimento econômico promove a melhoria da qualidade de vida e reduz desigualdades”, informou.
A iniciativa é da Associação Nacional de Prefeitos e Governadores dos Municípios e Secretarias de Cidades com Afrodescendente (Amunafro), com o apoio da Associação de Prefeitos Negros nos Estados Unidos (NCBM).
- See more at: http://pv.org.br/2013/09/20/celia-sacramento-participa-de-cupula-mundial-de-prefeitos-afrodescendentes/#sthash.1frsAlGg.dpuf
Mais de dois mil gestores dos Estados Unidos, Caribe e América Latina se reúnem até esta quarta-feira (18), na Colômbia, da 3ª Cúpula Mundial de Prefeitos Afrodescendentes.
Participam do evento a vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, a prefeita de São Francisco do Conde, Rilza Valentim (PT), a presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) e prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria (PSB), e a vereadora soteropolitana Tia Eron (PRB).
A intenção do encontro é aprofundar o diálogo e a cooperação política internacional para o desenvolvimento da diáspora africana. De acordo com Rilza Valentim, a proposta é construir ações afirmativas para o mundo. “Como mulher, negra e representante de uma cidade negra da Bahia tenho espaço para fornecer uma visão geral de como o desenvolvimento econômico promove a melhoria da qualidade de vida e reduz desigualdades”, informou.
A iniciativa é da Associação Nacional de Prefeitos e Governadores dos Municípios e Secretarias de Cidades com Afrodescendente (Amunafro), com o apoio da Associação de Prefeitos Negros nos Estados Unidos (NCBM).
- See more at: http://pv.org.br/2013/09/20/celia-sacramento-participa-de-cupula-mundial-de-prefeitos-afrodescendentes/#sthash.1frsAlGg.dpuf
Mais de dois mil gestores dos Estados Unidos, Caribe e América Latina se reúnem até esta quarta-feira (18), na Colômbia, da 3ª Cúpula Mundial de Prefeitos Afrodescendentes.
Participam do evento a vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, a prefeita de São Francisco do Conde, Rilza Valentim (PT), a presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) e prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria (PSB), e a vereadora soteropolitana Tia Eron (PRB).
A intenção do encontro é aprofundar o diálogo e a cooperação política internacional para o desenvolvimento da diáspora africana. De acordo com Rilza Valentim, a proposta é construir ações afirmativas para o mundo. “Como mulher, negra e representante de uma cidade negra da Bahia tenho espaço para fornecer uma visão geral de como o desenvolvimento econômico promove a melhoria da qualidade de vida e reduz desigualdades”, informou.
A iniciativa é da Associação Nacional de Prefeitos e Governadores dos Municípios e Secretarias de Cidades com Afrodescendente (Amunafro), com o apoio da Associação de Prefeitos Negros nos Estados Unidos (NCBM).
- See more at: http://pv.org.br/2013/09/20/celia-sacramento-participa-de-cupula-mundial-de-prefeitos-afrodescendentes/#sthash.1frsAlGg.dpuf

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Vice-prefeita Célia Sacramento Participa de Missão Técnica na Argentina



Realizada na cidade de Buenos Aires, Argentina, entre os dias 4 e 8 de setembro, a missão técnica Tecnologias Sociais para Integração Regional Sustentável teve como objetivo o fortalecimento e potencialização de técnicos responsáveis por programas e modelos municipais ou planos regionais inovadores, com metodologias de participação cidadã e experiências de boas práticas que possam ser replicadas em outras realidades locais e territoriais. Participaram da missão a vice-prefeita Célia Sacramento, a Ouvidora Setorial Claudete Reis e o subsecretário da secretaria de Cidade Sustentável, André Fraga.
Facilitadores:
·   Luis Levín, Comisión Directiva del CGMyC - Colégio de Graduados em Cooperativismo e Mutualismo da República Argentina
·      Juan Szymankiewicz, Secretário Executivo da Vice-presidência da FAM – Federação Argentina de Municípios
·      José Salvador Cárcamo, Professor Titular de Economia da Universidad Nacional de Moreno (UNM) e Professor Regular Associado de Economía-CBC da UBA
·      Rafael Kohanoff, Diretor do Centro de Tecnologías para a Saúde do INTI– Instituto Nacional de Tecnología Industrial
·      Miguel Recondo, Coordenador da Área de Trabalho e Educação a Distância do INTI – Instituto Nacional de Tecnología Industrial
·      Eduardo Risso, Corpo de Administradores Governamentais da Chefia de Gabinete de Ministros.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Visita Técnica às Bibliotecas Municipais

Dando sequência às atividades de elaboração do Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca, a vice-prefeita Célia Sacramento realizou visita técnica às Bibliotecas Municipais Denise Tavares - Pero Vaz e Reitor Edgar Santos - Caminho de Areia.

O objetivo da visita foi diagnosticar a realidade física e operacional desses equipamentos. A biblioteca Denise Tavares atende às regiões da Liberdade, Periperi até a Ilha. São 416 leitores registrados. A biblioteca Reitor Edgar Santos atende a leitores de toda a Suburbana e tem cerca de 400 leitores registrados. 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

logagem Coletiva 25 de Julho – Entrevista com Célia Sacramento

por

A Profª Célia Sacramento é paulista de nascimento e baiana de coração. Vice-prefeita da Cidade de Salvador, nos confessou sua vida, história e luta durante duas horas de conversa. Essa é mais uma das grandes Mulheres Afro Latina-americanas:

Célia.sacramento

Blogueiras Negras: Como começou sua história na militância do Movimento Negro?

Célia Sacramento: Entre 12 e 13 anos fui morar no subúrbio ferroviário de Salvador. Minha mãe fez parte de um grupo que fundou uma associação, a Associação Nova Aliança. Nessa associação a gente desenvolvia muitos trabalhos para o bairro, que era um bairro pobre, popular. Fazíamos muito mutirão. Como sempre fui uma espécie de líder na escola, eu me reunia com a juventude local pra fazer as coisas do bairro, ir à praia pra jogar vôlei, dançar no Black Bahia, etc. Fazendo esse movimento com a juventude, entrei na faculdade. Minha entrada na faculdade foi um processo. Venho de uma escola pública, onde tinha notas acima da média. Mas quando fui tentar entrar na UFBA eu não consegui, minha primeira nota foi 4,6. Então vi que precisava estudar muito mais, me dediquei muito, me joguei nos estudos enquanto trabalhava como office girl no comércio, e no segundo vestibular,  consegui a nota 6,7 (a média era 7). Com uma nota acima de 8, não passei. Entendi que para entrar no curso que eu queria, ciências contábeis, tinha que tirar uma nota acima de 9, por que era muito complicado mesmo. Eu e meus amigos, a gente se achava burro por não conseguir. Umas amigas insinuavam que era melhor eu desistir disso tudo e arrumar um namorado com poder aquisitivo. Fui a luta e com uma nota acima de 9, consegui. Quando entrei na minha sala, vi que só havia 3 pessoas negras. Em cursos como medicina, direito e engenharia, quase não se via negros. Pensei: “Como fazer mais colegas conseguirem entrar na universidade?” Então nós, eu, Jadir de Brito,Waldo Lumumba, Maísa Flores começamos a pensar numa forma. Resolvemos formar uma cooperativa, a ideia era ajudar outros estudantes negros a entrarem na universidade. Meu amigo Waldo foi um desbravador. Fizemos um encontro na UFBA, mobilizamos nosso grupo, formamos essa cooperativa de professores pra inserir jovens negros na universidade. Cheguei a fazer palestra lá na UFBA. Sou da área técnica, a minha parte era da estrutura técnica contábel, era administradora, fazia a parte da contabilidade, prestação de contas, etc., e a galera (outros integrantes da cooperativa) dava aula. Nossa ideia era: dar nossa contribuição, depois sair e outros que fossem formados por e beneficiados pelo projeto iriam dar suas contribuições. Outras pessoas foram se juntando a ideia do projeto. Assim que me formei, montei uma empresa de auditoria e minha empresa começou a dar apoio à estrutura. Depois passou a ser uma associação. Depois fui cuidar de fazer mestrado e doutorado. Quando montamos essa instituição, começamos a ser vistos localmente como juventude negra, e o pessoal da cidade nos chamava de “intelectuais negros”. Tinha um grupo mais antigo, uns 10 anos antes de nós, que falava que a gente não precisava ocupar esses espaços na universidade, e nós do nosso grupo, queríamos fazer mestrado, doutorado, porque queríamos nos preparar pra ocupar o poder. Por que uma cidade majoritariamente negra era comandada por brancos? A gente se questionava muito, e quem fazia essa fala eram Jadir de Brito, do Rio de Janeiro e Maísa Flores, da Bahia. Eles diziam que precisávamos ocupar entrando na política. Eu dizia que não queria saber de ser política, queria ser ministra da fazenda, da controladoria, pra ajudar à minha maneira. Falei que ajudaria na campanha e contribuiria no que concerne à minha área. Aí um amigo nosso, Reinaldo Sampaio, descobriu o MNU (Movimento Negro Unificado),e veio falar pra gente, em 87, sobre. Aí Jadir falava que não precisava, pois o movimento não gostava e nem incentivava o estudo, nos chamavam de intelectuais que só queriam saber de estudar, e tal.
Na época, o Jornal da Tarde tinha um editor que fazia comentários horríveis e racistas. Ficávamos horrorizados. Nos reuníamos na biblioteca central dos barris pra estudar. Tinha poucos livros e era um corre corre pra conseguir livros, e a universidade sempre mudava livros para o vestibular, não havia acumulo. Quando fechava a biblioteca, a gente ficava conversando, quando alguém acabava um livro, contava pro outro sobre a abordagem, pois não tínhamos tempo pra ler tudo e nem dinheiro pra comprar. Começaram a falar que a gente precisava se juntar ao PT. Começamos a militar pra lançar linha de esquerda petista na universidade. Com apoio as questões da Unegro por exemplo fundado por Olivia Santana, uma mulher fenomenal que deu contribuições fantásticas para o movimento negro da cidade. E ela já estava na Universidade Federal da Bahia e a gente adorava o trabalho dela. Então começamos a ir às reuniões do Movimento Negro. Boa parte hoje, dos que resistiram na universidade são professores, doutores.

BN: Nesses lugares, havia lugar e espaço para se falar sobre feminismo negro?
 
Havia, por conta de Luiza Bairros, que sempre discutiu isso. Desde que a ouvi falar pela primeira vez em 1988, ela já falava que as mulheres brancas falavam sobre violência, falta de espaço. A mulher branca feminista , lideranças feministas  mais conhecidas em Salvador  foram as professoras líderes do NEIM Núcleo de Estudos da Mulher da UFBA. Mas Luiza (atual ministra), sempre fez o recorte especifico para mulheres negras. “Se a situação da mulher é dessa forma, a da mulher negra é muito pior”, falava ela. Depois as pesquisas começaram a dizer, mas desde 1988 ouvi Luiza falar.
Depois de um tempo conheci Lélia Gonzáles, Luiza Mahin através de textos, mas a primeira que vi falar sobre a questão, foi Luiza Bairros.

BN: Existe aqui em São Paulo, um livro chamado “USP para todos”

Quando fiz mestrado na USP, Fernando Conceição estava liderando um grupo que debatia as cotas. Nós em Salvador começamos a cooperativa de professores antes do cursinho pré vestibular da USP (Só pra negros). O nosso, a cooperativa, começou 2 anos antes. Quando Fernando estava liderando o debate, acho que pode ter surgido daí.

BN: Gostaria de saber sobre a influência da sua família, sobretudo da sua mãe, nas suas conquistas

Tudo que eu sou, devo à família. Meu pai foi morar em São Paulo pra trabalhar e minha mãe, que tinha tias lá, foi visitar as tias. Lá se conheceram e tiveram 6 filhos. Minha mãe parou de trabalhar pra tomar conta dos filhos, meu pai era sapateiro. Quando meu pai foi pra Salvador conhecer a família, não se adaptou ao estilo de vida que teria que levar lá e desisitiu, deixou três filhos em Salvador, eu inclusa, e levou 3 dos meus irmãos, ficaram três meses lá, venderam tudo e voltaram pra Salvador. Chegando aqui meu pai montou uma sapataria e minha mãe continuou costurando e trabalhando em casa, e tinham a meta de que fizéssemos faculdade. Minha tia Terezinha, era educadora da escola Nossa Senhora da Conceição e tinha essa escola por conta da mãe dela, que era sapateira, nasceu em Feira de Santana, casou com um índio que ela largou porque não ajudava no lar, pegou as filhas e deixou com uma tia e foi trabalhar no Pelourinho, montando uma sapataria no Maciel. Começou a ajudar essa tia a cuidar das filhas, comprou um terreno em Brotas e outro na boca do rio. Meu pai era muito admirador dela e falava que eu tinha que ser como ela, por que ela era independente, não dependia de homem pra nada. Mas não queria que minha mãe trabalhasse, pra que tivéssemos uma educação. Em 1976, ele comprou um fusca azul. Minha mãe pegou-o com uma mulher, se separaram. Eu pulei de 11 anos pra adulta. Minha mãe foi pra São Paulo, tirou documentos novos, voltou pra Salvador e foi trabalhar na Galo Turismo. Ela e uma moça que trabalhava na IPE, Marina, começaram a ir a reuniões de formação do PT. Minha mãe falava pra ter foco nos estudos e eu me cuidava muito, até evitava namorar. Pra proteger minha mãe, pois meu pai acompanhava nosso desempenho. Minha mãe estudava lendo livros. Li de cultura útil à cultura inútil. Meu irmão me chamava de cultura inútil por que eu lia aqueles romances de banca, Júlia, Sabrina, etc. Quando clientes iam concertar sapatos lendo livros, meu pai sempre perguntava sobre os livros, quando era pra vestibular, pegava emprestado com clientes (às vezes prorrogando a data para pegar o sapato). Ele mesmo só lia a orelha dos livros, mas levava pra casa dizendo que tinha lido tudo e que era muito bom, fazendo assim uma pressão para que lêssemos. Minha mãe lia, repassava e era uma festa, perguntávamos em que página cada um estava, e tudo o mais. Eu meu irmão até hoje fazemos isso. Meu pai era desesperado, pois todas as mulheres da família dele eram domésticas e os homens pedreiros e carpinteiros, não havia história de estudo, ele não queria esse futuro pra mim e meus irmãos. Ele me via como uma espécie de líder. Ele era feminista e ele dizia para os nossos irmãos que eles tinham que saber fazer tudo e nunca achar que podiam escravizar a nós, meninas da família. Ele não sabia fazer nada, e não queria criar os filhos com essa idéia. Minha mãe obrigava meus irmãos todos a fazer tudo, a partir de certa idade todos lavavam suas próprias roupas, cada um limpava e ficava responsável por uma parte da casa.  Minha mãe sempre pregava o coletivo, que se tivesse uma maçã, todo mundo teria que comer da mesma, dividindo, mesmo sendo 8 irmãos. Ainda bem que tinha um pacote de pirulitos na época que continha 8, que minha mãe comprava pra gente uma vez por mês. Uma vez por mês também tinha uma lata de goiabada que dividíamos no domingo, então, com tudo isso, aprendemos com a minha mãe a noção de coletivo. Minha mãe dizia que eu tinha que me divertir enquanto isso não encontrava uma pessoa. Ela foi criada assim pela minha avó, ia a shows, festas populares, e adorava. Minha avó também adorava ir a festas populares, bebia muito, dançava, não admitia que pagassem a bebida dela, trabalhava e tirava onda com sua independência. Minha avó e minha mãe foram minhas verdadeiras heroínas. Essa historia de minha mãe ter rompido aquela dependência do meu pai, ter corrido atrás pra trabalhar, e trabalhar como auxiliar de serviços gerais na Galo Turismo, ter participado de discussões – tenho atas da Associação da Nova Aliança, da minha mãe como diretora, vice-presidente, ela e outras mulheres. A liderança da associação era de mulheres feministas e todas integrantes do PT. Participei de discussões sobre a constituição, minha mãe ia e eu participava mesmo sem entender.

BN: Gostaria de saber como a senhora se posiciona a respeito do debate sobre estado laico?

Certamente na defesa. A gente precisa respeitar as pessoas e as opções que fizerem, e cada uma tem direito de fazer opção pela religião que quer e ninguém tem direito de ser meter nisso. A bíblia e qualquer outro livro religioso, vão ser sagrados em função do entendimento que cada um tenha. As religiões que se fazem mais pela oralidade, como as de matrizes africanas não deixam de merecer menos respeito que as religiões que tem um livro. Então sou a favor e fui criada nessas bases. Respeito a todas as formas de diversidade, com ênfase na questão religiosa. O problema desse debate é que está completamente voltado para a questão da opressão. A primeira forma de opressão é pelo aspecto da religião. E graças a Deus, desde muito pequena minha mãe me ensinou a respeitar todas as religiões. Então sempre chamo por deus, por todos os orixás, por Buda, sou uma pessoa sincrética e tenho total equilíbrio nisso. Então, sou a favor das pessoas terem suas opções.
Quando eu tomei a decisão política, eu estava em casa, quando o movimento social me chamou pra política. Conversei com os meus colegas sobre o cuidado que deveríamos ter ao escolher um partido. Aí chegamos ao PV (Partido Verde), e eu fiquei encantada com o PV porque tinha algumas pessoas como o Presidente Pena, que já fazia discussão sobre a mulher, sobre a questão racial, aqui na Bahia já tinha o Juca Ferreira que também fazia discussão racial, ouvia o Movimento Negro e tal. Me filiei ao PV. Depois que o movimento social que me chamou saiu e eu fiquei, o próprio PV me chamou pra ser deputada federal e dentro do PV eu já estava candidata a prefeita, quando ACM Neto me chamou para ser a vice dele. E eu disse para os membros do PV que não ia dar certo quando eu dissesse pra ele as coisas em que acredito, e eles me deram força, dizendo que eu “começaria com ele uma nova história”. Daí eu topei, pensando que ele ia fugir quando conhecesse meus pilares. Ele me disse que a família dele tinha uma historia na política, mas que ele não queria ser julgado por essa historia, e sim por ele mesmo, que tinha 10 anos na política, ficha limpa, implementava projetos, trabalhava muito, já tinha pesquisado minha história, minha vida, e disse que eu reunia todas as condições pra trabalhar com ele na implementação da transformação da nossa cidade. Eu disse diretamente que defendia as políticas de promoção da igualdade, e que sobretudo na nossa cidade, uma cidade iminentemente racista, isso tinha que estar na primeira linha do debate. Disse que defendia e respeitava todas as formas de diversidade, sexual, religiosa, cultural, física. Disse que defendia a gestão publica com práticas de governância corporativa, pois sou contadora e advogada, e sempre falei do foco no controle e na transparência. As pessoas tem que saber no que estão investindo. Tem que saber onde está o dinheiro do tributo. Sou da área técnica, preciso dar essa transparência. Disse que acima de tudo defendia a educação a partir de uma preocupação grande com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Nós precisamos cuidar de todos através do meio ambiente, essa é minha visão pra cidade e para o mundo.  Ele adorou minhas propostas e de imediato disse pra trabalharmos em um projeto para a cidade. Deixei claro que trabalharia, mas que se depois das eleições ele fizesse como os políticos tradicionais e não cumprisse, eu cairia fora e diria pra todo mundo que ele não cumpriu.

BN: Nesse sentido de ser vice-prefeita, de estar do lado dele, a senhora tem voz?

Está sendo uma experiência fantástica e maravilhosa. Tenho feito meus trabalhos, não paro. Claro que não dá pra fazer tudo o que eu queria fazer, pois a cidade está um caos. Três milhões e meio de déficit. Materiais de péssima qualidade nos asfaltos, as escolas todas depredadas, muito problema.  Mas graças a Deus, tenho participado, representado ele (o prefeito) em vários momentos e tenho voz sim. Ele fez uma fala recentemente, na Conferência Municipal de Promoção da Igualdade, que foi fenomenal. A cidade de salvador está satisfeita. Mas não foi fácil, foi uma decisão complicada. Perdi amigos. Como sou da área técnica, sou muito pragmática, quero ver resultados. Sou muito do fazer, não me canso de trabalhar. Por exemplo, na prefeitura de salvador, o prefeito é do planejamento estratégico, onde eu tenho voz também, consigo colocar as coisas que preciso que a cidade contemple para os próximos quatro anos. Mas estou no operacional, no dia a dia conversando com as pessoas e vendo o que dá pra fazer. Ainda bem que as redes sociais tem me ajudado, pois dou visibilidade a todo trabalho que faço, não minto pras pessoas e digo que vou fazer o que puder ser feito por mim, e o que for encaminhado vamos acompanhar.

BN: Gostaria de saber da senhora, sobre o programa do PV. Olhei o programa e o racismo não é contemplado. Queria que a senhora comentasse essa constatação.

Na verdade, ele (o programa) faz uma discussão racial a partir do respeito a todas as formas de diversidade. Então a questão racial é discutida dentro do partido sim. Mas como é um partido eminentemente branco, eles contemplam essa questão dentro do debate da diversidade. E nós, em função de uma vida com tanta dificuldade em função do racismo, queremos a questão racial na frente. Aí quando eles me aceitam como candidata e eu só falo nisso, nenhuma fala minha deixa de ter o recorte racial, eu já resolvo esse problema. Sempre digo: “Primeira etapa: matar o racista que esta dentro de cada um”.

BN: A sua presença e seu corpo já se colocam pra essa discussão, certo?

Sim. E graças a Deus a gente consegue desenvolver um trabalho muito bom, eu estou muito feliz de estar no PV, a gente consegue avançar na questão da mulher, na questão racial, há um entendimento real das diferenças, do racismo. Há um entendimento da questão racial dentro do PV. E é uma questão de Brasil, de mundo, que precisamos combater.

BN: Então se dá, por exemplo, o debate sobre o genocídio da juventude negra?

Isso, inclusive, há um debate dentro do PV, que tenho feito lá dentro e eles estão pra resolver a qualquer momento, que é a questão da redução da menoridade penal.  É um debate que faço desde que entrei no PV e que só está começando a ser encarado pelo partido agora.  Claro que sou totalmente contra. Precisamos resolver uma série de questões e uma delas é essa.
Vou dizer pra você que não escolhi ser professora. Quando um amigo, Jadir de Brito, me entregou um edital pra concurso pra professora auxiliar na UFS, eu não queria, mas ele dizia que precisavam de mim. Ele e outros amigos insistiram muito, então fui fazer o concurso, concorri com 16 pessoas e passei em primeiro lugar e me dedico muito, adoro dar aula, depois fiz o concurso da UFBA e passei na segunda tentativa. Antes disso fui professora por 11 anos da Fundação Visconde de Cairu. Não escolhi ser professora e nem estar na política, mas faço ambas as coisas com muito amor e carinho e sou muito dedicada no oficio de professora. Eu queria ser auditora das melhores empresas de auditoria do mundo. Um dia, depois de muito tentar um amigo disse: “Célia, você não vê que essas empresas não contratam negros, não? Já quase não contratam mulheres”. Fiquei muito triste, mas aí dei a volta por cima, e meu namorado na época, que já tinha feito curso de contábeis, disse que tinha vontade de montar uma empresa, e eu topei , falando que queria que fosse de auditoria e perícia, que era o que eu queria fazer. Ele topou e trinta dias depois já estava com a empresa montada, começamos a capturar alguns clientes. Eu devia ter uns 24 anos. Mas quando montei essa empresa eu já trabalhava em outra empresa, a de transportes União.  Eu era contadora geral, com 22 anos, sem ter concluído curso técnico em contabilidade eu já era contadora da empresa. Entrei como assistente de contabilidade, e quando um contador foi demitido, fui promovida.  Passei a ganhar acima de 15 salários mínimos e mudei de vida. Comecei a ajudar mais a família, entrei muito nova no Conselho Regional de Contabilidade, com 26 anos já era conselheira, me casei aos 28 anos, com 32 tive Cauã, meu primeiro filho, e aos 37 tive minha segunda filha, Keila. Hoje eles tem 14 e 10 anos respectivamente. Quando terminei a graduação fui fazer mestrado na USP em contabilidade e controladoria (já tinha especialização em auditoria), morei 3 anos em São Paulo, depois vim pra salvador. Depois fiz doutorado em engenharia de produção em Santa Catarina. Depois fiz o curso de direito, no qual entrei paralelamente ao doutorado. Paralelamente a isso tudo, quando entrei na política, quis estudar e entender mais sobre tudo, pelo hábito pragmático que tenho que querer ler e saber sobre o que estou lidando, aí fiz um curso de especialização em direito eleitoral.

BN: Professora, quais são seus planos para o futuro?

Conversei com o presidente nacional do PV, e junto com um grupo de pessoas daqui de Salvador e de outras partes do Brasil, colocamos nosso nome a disposição para a pré candidatura a presidência da república, tenho viajado pelo Brasil afora com o PV, conversei com o Conselho Regional de Contabilidade, a minha profissão tem 500 mil profissionais pelo Brasil, aqui em salvador tem 40 mil. E esse é o ano da contabilidade com esses 500 mil profissionais, e eu quero fazer tudo pra ajudar no crescimento e desenvolvimento da minha profissão, que é controle, o que a gente precisa, uma das formas de combater corrupção é controle e transparência, e a contabilidade e a prestação de contas são o segredo. Quero ajudar o partido a crescer, a se desenvolver, acredito muito no PV. E estou a disposição pra ser a candidata. Não sei se serei, mas minha dedicação esse ano e ano que vem vai ser para ajudar o partido na construção do programa partidário, que tem o recorte racial, da mulher, da juventude, do meio ambiente para desenvolvimento sustentável, da questão da mobilidade urbana, um problema gravíssimo brasileiro que não é difícil de ser resolvido, falta vontade política,e de empresas responsáveis. Então, meus planos para o futuro são estar com todos aqueles que querem trabalhar em um país melhor a partir da transparência, a partir da prestação de contas, a partir da escolha de um caminho que seja melhor para o coletivo, e não para um grupo específico. Estou com todos aqueles que acreditam, pois temos que continuar acreditando na política, a política é a sistemática do diálogo. Precisamos de reforma política, a presidenta Dilma está certa, mas a fome do povo agora é de mobilidade, de educação, de transparência, combate a corrupção. Agora a idéia é trabalhar na gestão publica de forma transparente, identificando para o povo, de uma forma participativa o que nós queremos. Então devemos focar nessa questão. Meus planos para o futuro são me dedicar, enquanto a população quiser estarei na política pra contribuir para um país melhor. Estou muito feliz de estar na gestão publica do município de salvador. O país está querendo um novo nome na política, estão falando da minha competência, mas não precisa de competência pra gerir, a constituição não fala em currículo. Meu currículo não importa, ele não é necessário, estamos em um Estado democrático de direito, o povo vai colocar quem quiser no poder, de qualquer nível.  Quero acertar, quero contribuir para que meus amigos, meus irmãos, meus filhos, minha família, para que todo cidadão do Brasil possa ter uma vida diferente.



Fonte: Blogueiras Negras