sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Entrevista ao Varela Notícias

EXCLUSIVO: Candidata a vice-presidente Célia Sacramento fala sobre ACM Neto, Marcell Moraes e Caso Dalva Sele

Candidata a vice-presidente pelo PV recebeu a reportagem do Varela Notícias; ela falou sobre carreira, temas polêmicos e fez um balanço da campanha
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Por Henrique Brinco
henrique@varelanoticias.com.br
Uma mulher representou a Bahia na campanha presidencial de 2014. A candidata a vice-presidente da república na chapa de Eduardo Jorge, a vice-prefeita Célia Sacramento, do Partido Verde, recebeu a equipe de reportagem do Varela Notícias no gabinete localizado no prédio do Instituto de Previdência Social, na Av. Joana Angélica, em Salvador. Na sala onde Célia ainda despacha entre um compromisso e outro, quem entra já encontra logo um balcão repleto de fotos e premiações recebidas por ela ao longo da carreira.
Contadora, advogada e professora, Célia Sacramento foi a primeira mulher negra a ocupar o cargo de vice-prefeita de Salvador, além de ter sido presidente do Conselho Municipal da Mulher (CMM). Como contadora, auxiliou no planejamento tributário de diversas associações e entidades cooperativas de Salvador. Aos 27 anos, abriu empresa própria. Atualmente licenciada, é professora universitária há 17 anos na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Paulista de nascimento, começou a militar nos movimentos sociais ainda nos anos 80. Ingressou na carreira política em 2008. Foi candidata a vereadora e a deputada federal pelo PV. Tomou posse como vice-prefeita da capital baiana em janeiro de 2013 e, em julho do mesmo ano, recebeu o título de cidadã soteropolitana pela Câmara de Vereadores. “Temos uma parceria de sucesso hoje na Prefeitura de Salvador. Quanto existe boa vontade e um bom projeto, é possível fazer gestões progressistas e benéficas para a população”, analisa Célia.
Mesmo com Eduardo Jorge registrando apenas 1% nas pesquisas de intenção de voto, Célia não perde a esperança. “A eleição ainda não aconteceu”, afirma ela. Apesar de ter chapa individual no cenário nacional, o PV apoia o candidato Paulo Souto (DEM) na Bahia, que por sua vez é apoiado pelo presidenciável Aécio Neves (PSDB). Sobre a possível não ida para o segundo turno, ela dá uma pista sobre as futuras decisões do partido: “A única certeza que temos é que não apoiaremos o PT. Disso não temos dúvidas”, dispara, deixando claro que o partido apoiará o candidato de oposição a Dilma Rousseff (PT), seja ele Marina Silva (PSB) ou Aécio.
Em pouco mais de 30 minutos de entrevista com o VN, acompanhada por assessores, Célia Sacramento falou sobre alguns temas polêmicos amplamente noticiados na imprensa nos últimos meses, como a derrubada de árvores em Salvador, o escândalo Dalva Sele e o desentendimento com o vereador Marcell Moraes (PV). Ela também falou sobre suas ambições políticas e sobre projetos pessoais. Leia abaixo:
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Ambições políticas“Desde muito jovem milito na política. Aos 17 anos, estava disputando a presidência de uma associação de bairro e perdi porque era de menor. Sempre fui líder de classe e sempre gostei muito da política. Como sou de uma família de base muito pobre, sempre precisei trabalhar para me sustentar. Tenho toda uma história de mulher trabalhadora. Comecei a dar aula muito cedo, com 26 anos. O Movimento Social ter me chamado para militar na política foi uma honra muito grande. Foi quando dei um ‘start’ na minha vida. Tenho ainda o sonho de fazer um pós-doutorado nos Estados Unidos ou na Inglaterra. Pretendo me firmar como uma pessoa que está na política com uma proposta séria e ir até aonde o partido achar que posso contribuir. Quando o partido achar que não posso mais contribuir, não farei mais parte do processo, porque não pretendo ficar pulando de partido. Não é o meu perfil.”
Relação com ACM Neto
“Fazemos parte de um grupo muito bom. Pretendo ficar no partido e enquanto o partido quiser continuar forte e firme aqui, com o prefeito ACM Neto, nós vamos estar. Enquanto o prefeito fizer uma gestão de trabalho, nós estaremos com ele. Agora, a partir do momento que deixemos de propor para a cidade uma política de trabalho, não estarei mais na política.”
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Segurança e desmilitarização da Polícia Militar
“O PV acredita, e já fizemos discussões internas apesar de não lançarmos nenhum documento, que precisa existir uma convivência harmônica  entre as polícias civis, militar e federal. Acreditamos que, juntos, podemos propor um modelo de polícia que atenda a segurança. E, se for desmilitarizar, se for por este caminho, claro que [apoiaremos] esta opção. Mas entendemos que é preciso haver harmonia, com todos trabalhando juntos.”
Caso Dalva Sele
“O PV ainda não parou para avaliar o caso, já que estamos envolvidos no nosso processo processo político pessoal, que é a campanha majoritária  com candidato Eduardo Jorge. Nós também temos candidaturas de deputados em todo o Brasil. Então, estamos preocupados com as nossas propostas. Não estamos avaliando os escândalos em que se envolvem os candidatos. Acreditamos que, a partir do momento em que uma acusação é feita, as pessoas têm que ter a oportunidade de provar a verdade. Basta que o pessoal do PT apresente as contraprovas! Pronto! A Veja não publicou isso aí? Pronto! Inclusive eles precisam dar direito de resposta. Contra fatos não, há argumentos. Quando alguém vem e fala alguma coisa sobre mim, não me importo em responder.”
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Derrubada de árvores em Salvador
“Acho que deve estar havendo um ledo engano. Nós temos a primeira Secretaria Cidade Sustentável do Brasil. Então, a nossa prioridade com os assuntos do meio ambiente são prioridade do PV. Todos os casos [de derrubadas de árvores] que chegaram ao nosso conhecimento foram, dedicadamente, observados e acompanhados. Direcionamos todas as questões específicas para rever todos os casos de desmatamento que possivelmente estariam fora da legislação.  Nós estamos com muitas obras na cidade. A Prefeitura de Salvador só teve casos específicos [de desmatamento] por necessidades de força maior para o conjunto da população.”
Relação com Marcell Moraes
“É aquilo que eu sempre comento: conheço o vereador Marcell Moraes desde antes do processo eleitoral. Fui colega dele em um curso de uma instituição de ensino superior. Então, o conheço como uma pessoa boa. Na verdade, o motivo deste desentendimento se deu porque ele acredita em projetos que eu não acredito. Então, como entramos em conflito com projetos da cidade, não quis fazer uma foto com ele. Isso o deixou muito aborrecido. Ele ficou triste, coitado. Se eu soubesse que isso daria aquela confusão toda por causa de uma foto, eu teria feito a foto. Continuo na mesma. Não faço fotos com Marcell Moraes por divergências de projetos. Quando essa tristeza passar, quem sabe um dia, a gente volte a se falar. Agora, com relação a estar fazendo fotos e tal, não dá por conta especificamente das divergências dos nossos projetos. Eu tenho bases em religiões de matrizes africanas, sou batizada na Igreja Católica, tenho seis irmãos que são protestantes… Então, respeito todas as formas de diversidade. Sou uma pessoa ecumênica. Não posso concordar com posicionamentos que vão de encontro com qualquer religião.”
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Foto: Henrique Brinco/Varela Notícias
Futuro
“Quero estar à disposição, enquanto o partido e todo o grupo do qual faço parte possa contribuir para a construção de uma sociedade melhor. Salvador já é uma cidade melhor e vai ficar ainda melhor com o nosso trabalho. A Bahia vai ficar ainda melhor a partir do momento  em que nós ganhemos as eleições com o nosso candidato, Paulo Souto. Estamos trabalhando para mostrar à população que temos o melhor projeto.  O PV está aí, disputando no cenário nacional e eu faço parte deste cenário. Pretendo me destacar nos melhores quadros da política no Brasil, quero ser reconhecida como alguém que está na política para mostrar que a política é um lugar sério.”

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